Cyrela, MRV e Plano & Plano divulgaram suas prévias operacionais, com recorde de vendas no segundo trimestre. Já as construtoras do segmento de média renda, como Even, Lavvi, Melnick e Mitre, indicam uma desaceleração na velocidade de vendas e níveis de estoques.
Veja o que dizem os analistas:
Cyrela
A Cyrela manteve um ritmo acelerado de lançamentos no segundo trimestre, mas as construtoras de renda média e alta talvez precisem recorrer a descontos significativos para manter sua velocidade de vendas, de acordo com o Citi, em relatório.
Os analistas Andre Mazini e Renata Cabral destacam que os lançamentos mais que dobraram para R$ 1,673 milhão no segundo trimestre. Porém, afirma eles, o diretor-financeiro da Cyrela, Miguel Mickelberg, havia expressado anteriormente seus temores de que incorporadoras de São Paulo possam estar fazendo mais lançamentos do que a capacidade de demanda da cidade, muito diminuída, pode absorver adequadamente.
Os analistas ressaltam que substanciais 37% dos lançamentos do trimestre foram direcionados ao segmento de média renda, e de dizem otimistas com a marca ‘Vivaz Prime’, voltada a um segmento subabastecido e que pode se beneficiar de um reforço na linha de crédito imobiliário pró-cotista, recém-aprovada pelo conselho de administração do FGTS.
Por fim, eles afirmam que as vendas da empresa não devem ganhar muito impulso, uma vez que a Cyrela já está realizando análises de crédito para novas vendas com base em uma premissa de taxa de hipoteca de 11,5%, dada a percepção de que as taxas de hipoteca podem ser revisadas em breve, restringindo assim seu mercado potencial.
O Citi tem recomendação de compra para as ações da Cyrela, com preço-alvo de R$ 21, potencial de alta de 66% ante o valor de R$ 12,6 negociado no momento na B3.
De acordo com o Credit Suisse, em relatório, a Cyrela apresentou números positivos de lançamentos e vendas no segundo trimestre, superando as expectativas, mas condições macroeconômicas difíceis e desafios do setor exigem cautela.
“Mais uma vez, a empresa demonstrou que a experiência conta, conseguindo posicionar com sucesso seus produtos em um ambiente muito mais desafiador e entregar resultados operacionais positivos”, escrevem os analistas Pedro Hajnal e Vanessa Quiroga.
Eles afirmam ver a Cyrela atualmente como a empresa de média e alta renda mais bem posicionada. Porém, as condições macroeconômicas do país e a microdinâmica do segmento — incluindo acessibilidade econômica, níveis de estoque, condições de precificação e inflação alta — os deixam cautela ante o setor, escrevem.
O Credit Suisse manteve sua recomendação neutra para as ações da Cyrela, com preço-alvo de R$ 18, potencial de alta de 46% ante o valor de R$ 12,3 negociado no momento na B3.
A Cyrela reportou fortes lançamentos e vendas no segundo trimestre deste ano, em linha com o esperado, de acordo com o BTG Pactual. O banco aponta ainda que as ações da companhia estão sendo negociadas em um patamar atrativo.
Os analistas Gustavo Cambauva, Elvis Credendio e Bruno Tomazetto observam que a receita líquida de R$ 1,62 bilhão ficou “ligeiramente acima” das projeções.
Já a velocidade de vendas foi de “robustos” 17%, ante 23% no mesmo período de 2021 e 15% no primeiro trimestre deste ano. Os lançamentos, que somaram R$ 2,33 bilhões, ficaram em linha com as estimativas.
“O cenário macro se deteriorou, com inflação e juros em alta, mas a Cyrela manteve operações e balanço fortes, enquanto a ação está sendo negociada em patamares atrativos, o que justifica nossa recomendação de compra”, afirmam os analistas.
A recomendação do BTG Pactual para os papéis ordinários da Cyrela é de compra, com preço-alvo de R$ 27, o que representa potencial de alta de 118% ante a cotação registrada há pouco.
Para o Bank of America, em relatório, a Cyrela reportou uma prévia operacional mais forte do que o previsto no segundo trimestre de 2022, com crescimento de lançamentos e vendas mesmo em um cenário de demanda deteriorada.
Os analistas Carlos Peyrelongue e Aline Caldeira destacam uma leve desaceleração na velocidade das vendas, de uma comparação difícil no primeiro trimestre com fortes resultados na comercialização de lançamentos, mas uma recuperação nas vendas de estoque, o que tem sido um desafio para o setor.
“A chave para olhar à frente é o desempenho da margem bruta em meio a custos crescentes e uma precificação mais difícil diante da deterioração da acessibilidade econômica”, afirmam eles.
Os analistas dizem ainda que a Cyrela é seu nome preferido entre empresas de média e alta renda devido à diversificação e mobilidade entre segmentos, assertividade de lançamentos em um ambiente desafiador e um momento de ganhos ainda sólido, apesar das tendências operacionais já mais fracas.
O BofA tem recomendação de compra para Cyrela, com preço-alvo de R$ 18, potencial de alta de cerca de 46% ante o valor de R$ 12,35 negociado no momento na B3.
MRV
O Citi cortou seu preço-alvo para as ações da MRV de R$ 16 para 14 e reiterou recomendação de compra, considerando o impacto do maior custo de capital e a inflação de custos persistentes, e após a empresa divulgar sua prévia operacional do segundo trimestre.
Os analistas Andre Mazini e Renata Cabral escrevem que a MRV não apresentou uma melhora na velocidade de vendas no segundo trimestre, em linha com a concorrente Direcional, mas sinalizou um aumento do apetite por lançamentos no segundo semestre, com alguns dos lançamentos reprimidos de trimestres anteriores.
A empresa revisou suas projeções para lançamentos neste ano em R$ 9,4 bilhões, motivado por uma rodada de medidas para aumentar a acessibilidade de baixa renda, geralmente abrangendo o segmento de renda média de nível básico, via linha de crédito pró-cotista.
“Estamos menos entusiasmados com o provável avanço a ser gerado em uma eventual rodada de investimentos nas operações da MRV nos Estados Unidos, com taxas de juros mais altas e custo de capital mais pesado onerando a avaliação da Resia”, dizem os analistas.
O Citi reduziu sua projeção de lucro por ação (LPA) em 42%, para R$ 0,47, devido à compressão de margem causada por taxas de juros mais altas, mas aumentamos o LPA para 2023 em 13%, para R$ 1,77, devido às melhores perspectivas de acessibilidade de longo prazo para jogadores de baixa renda.
O Credit Suisse, em relatório, aponta que a MRV reportou lançamentos neutros no segundo trimestre, que tendem a acelerar até o fim do ano, e volumes de vendas ligeiramente fracos, explicados pela concentração de lançamentos no final do trimestre, mas valores negativos em relação à produção e transferência de unidades.
“Temos uma visão cautelosa dos dados operacionais da empresa em relação à atividade de construção (produção de unidades), o que provavelmente prejudicou a transferência de unidades e, portanto, a geração de caixa do trimestre”, escrevem os analistas Pedro Hajnal e Vanessa Quiroga.
Para eles, as operações domésticas, que vieram ligeiramente fracas no trimestre, devem se normalizar e ganhar força com as recentes mudanças do programa Casa Verde Amarela (CVA). Nesse sentido, a empresa anunciou um aumento nos preços de suas unidades, escrevem eles, destacando ainda valor de mercado atrativo e fatores favoráveis da potencial capitalização da Riva.
Por fim, os analistas afirmam que a aprovação hoje no Senado da extensão dos prazos das hipotecas de 30 anos para 35 e o parcelamento do FGTS devem impulsionar as operações de baixa renda da MRV.
O Credit Suisse tem recomendação de compra para as ações da MRV, com preço-alvo de R$ 16, potencial de alta de 75,4% ante o valor de R$ 9,12 negociado no momento na B3.
O Bank of America (BofA) diz que a MRV reportou resultados operacionais robustos no segundo trimestre de 2022 com uma recuperação nos lançamentos após um primeiro trimestre fraco e com velocidade de vendas se mantendo mesmo em meio a preços mais altos, enquanto os negócios nos Estados Unidos continuam ganhando relevância.
Os lançamentos de R$ 2,1 bilhões dobraram em base trimestral, já que a empresa provavelmente liberou lançamentos acumulados do trimestre anterior após o início dos maiores subsídios do programa Casa Verde Amarela (CVA), em linha com o resto do setor, escrevem os analistas Carlos Peyrelongue e Aline Caldeira, em relatório.
Eles destacam que o preço médio subiu ajudado pela maior exposição aos grupos superiores do programa e renda média com um projeto Sensia. Já as vendas ficaram praticamente estáveis, com velocidade de vendas em alta no trimestre, mesmo em meio a preços mais altos, que devem ajudar a compensar custos mais elevados, dizem.
Os analistas destacam ainda que a Resia continuou a ganhar relevância com a venda de dois projetos por US$ 195 milhões. Para os analistas, enquanto os negócios principais provavelmente ainda sofrerão com margens menores, a Resia ainda não está precificada e assim uma capitalização deve levar os investidores a incorporar o negócio em sua avaliação.
O BofA tem recomendação de compra para as ações da MRV, com preço-alvo de R$ 15, potencial de alta de 65% ante o valor de R$ 9,09 negociado no momento na B3.
Plano & Plano
Os resultados operacionais da Plano & Plano no segundo trimestre foram robustos e em linha com as estimativas, enquanto ajustes recentes ao programa habitacional Casa Verde Amarela (CVA) são uma notícia positiva, diz o BTG Pactual, em relatório.
Os analistas Gustavo Cambauva, Elvis Credendio e Bruno Tomazetto escrevem que, com os ajustes, as incorporadoras de baixa renda devem ser capazes de aumentar os preços de venda e recuperar a rentabilidade.
Eles destacam que tanto as vendas quanto os lançamentos da Plano&Plano cresceram em base anual, e com velocidade de vendas de robustos 17%, ante os 18% do segundo trimestre de 2021. A empresa lançou cinco empreendimentos com valor potencial de vendas de R$ 394 milhões, ressaltam.
O BTG Pactual tem recomendação de compra para as ações da Plano&Plano, com preço-alvo de R$ 13, mais de cinco vezes acima do valor de R$ 2,36 negociado no momento na B3.
Média Renda
As construtoras do segmento de média renda Even, Lavvi, Melnick e Mitre, que divulgaram ontem prévias operacionais do segundo trimestre, indicam uma desaceleração na velocidade de vendas e níveis de estoques. A análise é do Itaú BBA.
De acordo com os analistas Daniel Gasparete, André Dibe, Bruna Breunig e Alejandro Fuch, os números consolidados apontam que a velocidade de vendas recuou 0,58 ponto percentual, para 18%, enquanto os níveis de estoques passaram de 11 meses para 20 meses.
O Itaú BBA, porém, aponta ainda que houve uma “aceleração substancial” em relação ao primeiro trimestre deste ano, com alta de 84% nos lançamentos e de 125% de vendas. O resultado reflete uma “comparação fácil”, considerando a sazonalidade mais fraca e o impacto da variante ômicron no período.
“Mantemos nossa visão cautelosa sobre o setor, considerando que acreditamos em mais risco de queda para volumes e lucros. E mantemos nossa preferência por nomes do segmento de baixa renda”, afirmam os analistas.
Conteúdo publicado originalmente no Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor Econômico
Conteúdo retirado de: Valor Invest
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